A Face Hostil da Brigada Militar!– por Edson Oliveira – Jornal Opinião – 17 Novembro 2010

11 Novembro 17 – 2010 – A Face Hostil da Brigada Militar – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

 

A Face Hostil da Brigada Militar!

 

Vocês irão ler o relato deste médico e cronista que sofreu a abordagem de um brigadiano e que agora poderia estar engrossando as estatísticas cruéis da violência policial. O que eu passei poderá acontecer consigo ou com seus familiares ou amigos, como certamente já aconteceu com diversas pessoas que ou morreram ou estão mutiladas por “procedimentos policiais”. Outros serão os sobreviventes!

Dia 09 de Novembro, terça-feira passada, passando das 14 horas e saindo de uma cirurgia do Hospital de Viamão, dirigi-me ao meu consultório. Naquele momento iniciava-se a ventania do temporal. Parei o carro em fila dupla na Rua Cirurgião Vaz Ferreira defronte à Galeria Zavarize, onde tenho consultório há trinta anos. Desliguei o motor e acionei o pisca-alerta e comecei a discar o celular para falar com a secretária Clarice. Eis que neste exato momento um brigadiano cruzou a rua vindo da esquina do Mate Amargo (loja) e veio ao veículo. Abaixei o vidro.

– Cidadão! É proibido estacionar aí. Retire o veículo.

– Sei. Já vou sair. Tudo bem. – estou em meu Corolla com placas de Viamão. E para quem não me conhece pessoalmente, sou quase idoso e estava com a camisa branca que também uso como jaleco profissional.

– Cidadão! Retire o carro! – com aumento da voz e agressividade estampada.

– Tudo bem, já vou sair! – mas como demorei um momento para acionar a ignição e sair, o tom de voz e o semblante daquele jovem fardado e armado tornou-se muito mais agressivo. Abriu um passo para seu lado direito, ficando atrás da coluna do carro, talvez para se proteger de uma possível agressão deste “cidadão” e segurou a coronha da arma na cintura e…

– Documentos do veículo e habilitação! – preparado para possível combate.

Caiu-me a ficha, no jargão popular, e lembrei-me das aulas de sobrevivência do Professor Magaldi e coloquei as mãos sobre o volante em local visível. Continuava com a ignição desligada. Com a mão esquerda busquei a carteira no bolso traseiro e trouxe-a ao volante. O brigadiano continuava em posição de saque da arma. Peguei o documento do carro lentamente e sempre com as mãos visíveis e fiz menção de entregar-lhe…

– Abra e mostre! – exigiu.

Abri e mostrei. Disse-lhe apontando para minha roupa que era o médico que estava do lado do seu consultório e precisava falar com a secretária e parei um momento em fila dupla porque não havia nenhuma vaga disponível. Repeti vagarosamente as frases sem manifestar movimentos bruscos ou encará-lo o que poderia ser considerado desacato ou desafio de sua autoridade e poder – até de vida ou de morte para este “cidadão”. O mais perigoso agressor, com ou sem farda, é o jovem, inexperiente e afoito. Eu estava a sua mercê. Alguém pode dizer que ele estava executando os procedimentos policiais para sua proteção e da sociedade e pode não ver ameaça à vida do “cidadão”. Mas certamente ninguém gostaria de ser assim tratado. Assim com o treinamento que a Brigada Militar fornece jamais estaria contida a ameaça ou o uso de força desproporcional ao “oponente” – acredito.

Examinem o que ocorreu e pensem nas pessoas que tombaram sem serem criminosos. Daí vem o sentimento que grande parcela da sociedade tem do policial – medo! Alguns indivíduos persistem em denegrir uma corporação centenária de inquestionáveis serviços prestados. Para estes a filtragem será estabelecida pela própria corporação expurgando-os de seus quadros ou desafiará alguém que responderá com o mesmo ódio. Muitos são valentes (!) contra o “cidadão” honesto, trabalhador, desarmado, mas quem já trabalhou em Emergências vê como esses valentes reagem a outros “mais valentes”…

Agradecimento: Agradecemos aos familiares, amigos e demais pessoas que se solidarizaram conosco pelo falecimento do meu sogro Waldeliro Antunes da Cunha no dia 10 de novembro passado.

 

Poema nostálgico

 

Tímidas e carinhosas, as palavras presas

palpitam expressões, pulsam certezas

de quantas saudades podem compor

com as pequenas alegrias de outrora!

Pois é tão eloquente, tão doce e singular a hora

em que a lua incendeia o horizonte já sombrio. clip_image002

Mas não importa se é calor ou frio…

Importa, sim, a renovada emoção, o arrepio:

a surpresa de encontrar luz no abraço de um amigo!

Lúcia Barcelos – Poetisa

 

Evento

 

Eu não me convoquei para este evento.

Vim numa ponta de asa do acaso,

soprada pelo vento,

e pousei na maresia

da eterna poesia

que vaga pela rua.

Minha certeza

está trêmula e nua

e debaixo da mesa.

Mas se me queres tua,

Compreenda que tenho os pés no chão

e os olhos na lua!…

  Lúcia Barcelos – Poetisa

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