Há vida além da política? – Edson Olimpio Oliveira – Jornal Opinião – 12 Setembro 2012

12 Setembro 2012 – Há vida além da política? – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

I

ndícios indicam que a possiblidade é positiva – ironia do cronista. Por vivermos numa sociedade chamada de democrática, ou da ditadura da maioria, toda a atividade humana é dependente em variados graus da política. Alguns respiram e comem política 36 horas do dia. Para esses os jornais estão recheados de matérias de bela arquitetura ou amorfas. E nós, míseros e meros mortais? Dizia um político que somos a “cereja do bolo”. Disputados ferozmente, mas sempre devorados. Continuamos trabalhando meio ano para pagar e sustentar o populismo do brasilzão mensaleiro e da governabilidade. Aproveita-se para assar uma costela e reunir a família possível num churrasquinho com maionese. Alguns na casa oficial, outros na morada alternativa, outros ainda pegam o prazer recheado de especiarias e deleites nos bufês. Belezas e confortos da vida tribal. Outra turma devora um xis-tudo com uma ou duas loiras suadas e enfrenta a arquibancada torcendo pelo seu time amado. O homem é o único animal que troca qualquer coisa na vida, até de sexo, mãe e de mulher (principalmente), mas jamais troca de time de futebol.

Cr & Ag

O sábado e o domingo são a liberação da orgia social legalizada. Com cotas ainda, pois tem a turma que trabalha sempre para que os outros curtam melhor seus prazeres. Em qualquer lugar que o vivente vá, ele encontra gente e mais gente. Aos borbotões. “Há gente demais no mundo”- T. Jordans, o Filósofo do Apocalipse. Aprecia-se estar num engarrafamento de trânsito ou de gente nos corredores e filas para sorvete e banheiro. Afinal esse é o treinamento básico para aquele pessoal das filas de aposentados esquecidos nos bancos, qualquer banco, da madeira ao dinheiro. Um conhecido buscou um motel no sábado à noite, passou por cinco com filas de espera, desistiu da empreitada, pois já tinha “vencido o tempo do azulzinho” e o entusiasmo etílico da balada. Uma filosofia machista alega que não “há mulher feia”, “há pouco álcool no sangue”. Mudando para o feminismo – “não há homem feio, há mal provedor”.

Cr & Ag

Um bom livro é sempre um novo mundo que se derrama em palavras ou imagens ao prazer e sensibilidade do leitor – escrevi leitor e não eleitor. O universo da leitura mobiliza o poder ilimitado da nossa imaginação. Transportamo-nos das entranhas da terra aos confins do cosmo, vivemos e sentimos os amores e ódios dos personagens e velejamos ao sabor do vento exalado pelo autor. Seremos príncipes ou párias, feras ou gente, o único limite está em nós. Ou ainda uma sessão de cinema com direito às pipocas e balas azedinhas. Ou um chocolate Diamante Negro, talvez um Sufflair? Ou um copo de refri? Ops! Viemos para assistir aquela película motivadora ou para comer? Os dois pilares mestres do ser humano – manter-se vivo e sexo. A ordem… cada um tem a sua. E comer está intimamente ligado, na essência e na amplitude.

Cr & Ag

Pergaminhos apócrifos e apóstatas com idade anterior aos do Mar Morto, de uma época tão remota que esse mar ainda não adoecera e muito menos morrera, foram encontrados por uma “eguita malacara” numa gruta de São Gabriel. Ali se revela que Deus não descansou no sétimo dia. Neste dia resolveu aperfeiçoar a criação do mundo e em 20 horas fez o gaúcho e nas horas derradeiras deu uma ajeitada no Rio Grande e… descansou. Daí que, segundo o Ibope, mais de 90% da vida inteligente do Brasil está de alguma forma curtindo o gauchismo neste Setembro de todos os climas. Fontes gaudérias alegam que Caim era castelhano e Eva (das Dores Raimunda) era nordestina. A jararaca da macieira virou algumas (não sou alucinado para generalizar) sogras e do bate-boca nasceu a política e os partidos. Há controvérsias!

Pescador tarrafeando na Barra do Mampituba em Torres/RS

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Pau no burro Seberiano – Edson Olimpio Oliveira – Jornal Opinião – 05 Setembro 2012

05 Setembro 2012 – Pau no burro Seberiano – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

A

viso de antemão que o Seberiano não é nenhum candidato atual. E nem “burro” é genericamente algum outro aspirante de cargo eletivo. Seberiano foi um carroceiro da minha infância aqui na quase tricentenária Viamão de Todos os Gaúchos e seus atos e atitudes eram compreensíveis naquela época, no mundo mais ecoconsciente seriam amplamente desaprovados. Todos sabem que os burros, além daquelas orelhas avantajadas em relação aos seus similares, tem como característica de atitude o ato de empacar. O animal quando inventa de calçar as pernas e as patas, de pouco adianta o dono puxar pela corda do freio. Conversar então… apesar de orelhudo é surdo aos convencimentos. Lembram-se da fábula dos dois burros presos um ao outro que brigavam para cada um alcançar seu monte de feno? O carroceiro Seberiano enfrentava frequentemente esse drama do burro empacado. Nesse momento há duas técnicas que ele usava. A primeira era deitar o relho no lombo do animal e aos berros rebocá-lo. Entrem na cena. A gurizada ali atiçando o Seberiano e alguns torcendo pelo burro. Largávamos o jogo de bolinhas de gude, o jogo de tacos e até da pelada de futebol. Parava tudo e juntava a gurizada da volta do cemitério velho. O Seberiano poderia ser agitador de torcida ou balaqueiro em propaganda eleitoral tal era a potência da sua voz.

Cr & Ag

Sei que aqueles que entraram na cena estão aflitos em saber o sucedido. Vamos lá. Torcíamos para falhar essas tentativas do Seberiano, pois desejávamos assistir a segunda e fatídica técnica de desempacar o burro. O Seberiano pegava o relho pela ponta da sola de couro e deixava todo aquele imenso cabo de madeira já lustrosa das mãos do homem em riste e bradava o derradeiro aviso: – Vai andar ou não? A gurizada gritava para o burro não andar. Vê-se que criança é um bichinho terrível. E o Seberiano extravasava sua raiva enfiando o cabo do relho no ânus do burro. Mesmo. – E aí? – deve estar perguntando o angustiado. O burro saltava e reiniciava a sua marcha. O carroceiro limpava o cabo do relho no pelego que servia de assento e… mais chicotadas no burro.

Cr & Ag

Na nossa objetividade infantil, sabíamos que o desenrolar do ato culminaria com o empalamento do burro. Será que o burro empacava porque era “burro” ou porque desejava o cabo do relho? Nunca saberemos com certeza, mas os guris mais abastados com a experiência da adolescência teciam considerações dramáticas: – De que adiantam orelhas grandes para ouvir e o maior pênis dos animais para transar se só anda levando… Daí surgiu essa expressão meio nome feio – Pau no burro Seberiano!

Cr & Ag

O ser humano aprecia buscar entendimentos em analogias, metáforas, parábolas ou outras armadilhas de linguagem. O entendimento nunca será o mesmo para todos. Daí que até para a divindade que é Única surgiram tantas correntes religiosas e filosóficas. É da nossa natureza o torcer e o distorcer. Até o contorcer-se. Cresce a voz sobre a calamidade da educação no país. E os absurdos e descaminhos dos responsáveis, da presidência da república aos pais. Repito e grifo – PAIS! Não há justiça social sem educação de qualidade. E educação de qualidade começa nos cursos básicos. Toda a obra social ou arquitetônica principia pela solidez das fundações. No Brasil não pensam e não fazem assim os responsáveis.

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O ipê amarelo – Edson Olimpio Oliveira – Jornal Opinião de Viamão – 29 Agosto 2012

29 Agosto 2012 – O ipê amarelo – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

O ipê amarelo

A

sabedoria popular alude ao ter filhos, escrever um livro e plantar uma árvore como sendo as obrigações capitais do homem em sua passagem terrena. Fiquemos pelas árvores, plantei muitas de toda gama garimpada em casas especializadas e hortos florestais. Muitas sucumbiram logo após o plantio. Outras crescem como se anabolizadas por algum hormônio anônimo ou divinal, outras ainda arrastam-se com lentidão e ficam entanguidas ou magronas apesar de boa altura. Pois temos – a natureza e a humanidade – um ipê amarelo que se encaixa na classificação de um magrão alto e resistente. Ali está ele ano a ano resistindo à poluição humana, aos parasitas e às tormentas. É um persistente, um estoico. Os ipês, roxos ou amarelos, florescem nesta época do ano, talvez em homenagem e sintonia com os brazucas teimosos que festejam a sua “Independência ou Morte” no 7 de Setembro. E aos gaúchos do orgulho sem fim pela sua Revolução Farroupilha no 20 de Setembro. Está mais para farrapo do que para brazuca

Cr & Ag

Numa manhã primaveril neste inverno gaúcho que quase não vestiu poncho, o ipê dia a dia semeia suas flores amarelas e cintilantes. Suas flores são como beijos roubados, fugidios. De vida curta e bela. Novas flores em seus galhos de escassas folhas e novas flores depositadas ao pé de seu tronco. É a vida se renovando, com velocidade sem perder a beleza e os sentimentos. Um tapete, ou seria uma mortalha, é bordado com o sereno de uma nova noite e um véu dourado tecido a com as luzes do sol de cada dia. Um ciclo efêmero a nos mostrar a eternidade da disputa de vida e morte. Pensei disputa? Penso melhor – sintonia. Há uma sintonia na natureza entre o nascimento e o ocaso, geralmente quebrada ou rompida pelo homem. Tão pouco essa árvore necessita – água, ar e terra. E algum cuidado de quem a jogar à cova rasa. Brutal e singular analogia. A mesma cova rasa que pode ser sepulcro para uns é vida para outros. O ipê amarelo é um forte no corpo delgado, quase esquálido – como muitos de nós, sem os ornamentos da obesidade material e espiritual ou do poder – como muitos de nós. Luta pela sua vida e de outros que vem beber e alimentar-se no amparo de seus braços.

Cr & Ag

Pequenos pássaros azuis, menores que os pardais, sempre em casais, saltitam em seus galhos e agitam-se festivamente, como se bailassem, ao sabor do suco depositado nos pequenos cálices áureos. Jamais os tinha observado como nesta manhã. Não ouso mover-me ou abrir mais a janela, temo afugentá-los. Estaco com os olhos encantados. O tico-tico vem juntar-se ao desjejum. Esses, os tico-ticos, antes tão abundantes, agora raramente os vejo. Ou não tenho sido um bom perscrutador ou o pior, estarão na teia das espécies fadadas ao desaparecimento. Sempre, desde minha infância, admirei o quepe listrado do tico-tico e a rapidez das pernas curtas como as do Messi. Logo se achega um beija-flor e um sabiá do papo alaranjado caminha garboso no tapete dourado que recobre o gramado. Deus do céu, um desjejum coletivo.

Cr & Ag

E “para não dizerem que não falei de flores”, desejo que essa beleza e esses sentimentos sejam alimentadores e geradores de novas correntes de vida, amor e entendimentos. Que os ipês amarelos sejam realidades e metáforas de vida e esperança que nutre e renova.

Doutor Airton Delduque Frankini.

Cumprimos o doloroso dever de comunicar o falecimento do Dr. Airton Frankini, brilhante médico, professor e cirurgião-vascular. Graduado em 1976, construiu uma carreira médica atingindo aos maiores patamares da Medicina. Foi durante quase duas décadas Chefe do Serviço Vascular do Hospital N. Sra. da Conceição. Foi professor de Medicina e cirurgião da Santa Casa, atendendo aos viamonenses nestes e em outros serviços. Todos os louros acadêmicos são complementos para o excepcional homem, pai, colega e amigo. Nossos mais intensos sentimentos aos seus filhos Tiago e Ângelo, que seguem a carreira médica e da cirurgia vascular. E a sua querida esposa Nádia a quem namorou desde a juventude, receba a nossa solidariedade e que tenham muita Luz divina.

Casos de vida e de morte – e Dr Airton Delduque Frankini – Edson Olimpio Oliveira – Jornal Opinião de Viamão – 2 2 Agosto 2012

22 Agosto 2012 – Casos de Vida e de Morte – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

Casos de Vida e de Morte

S

e não bastassem as dificuldades do nosso dia a dia, eis que novamente casos fantasmagóricos invadem nosso território e por mais que queiramos deixá-los de lado, amigos angustiam-se, muitos perdem o já escasso sono. Não vamos enveredar pela filosofia ou pela religião, há outros mais letrados que nós. Uma amiga professora descreveu suas vivências com algo que denominou de “a noiva de branco” e suas aparições com testemunhas até aqui vivas em vários locais do município viamonense. Outro amigo raspou a crina de seu melhor cavalo e ainda cortou rente a sua cauda, pois o animal apareceu com tranças impossíveis de serem desfeitas. Quando um amigo brincou se “estava com tendências rastafári”, indignou-se e com os olhos esbugalhados escoou de seus lábios um murmúrio indecifrável. Falam de bruxas. Custa-nos crer que nesse mundo de altas velocidades, de internet, de mensalão e de mensaleiros, de gabrielas e outras novelas ainda ouçamos e nos preocupemos com o misticismo ou com o sobrenatural de almeida.

Cr & Ag

Há um sítio nas margens dessa ERS 040 atopetada de caminhões de areia que traz essa sina de sofrimento, lamentos, desconfiança e temor dentro da casa e da propriedade. Há mais de vinte anos mudam os proprietários… “Iniciemos pelo início”, como diria o magistral vereador. Recebida em herança essa propriedade, o novo dono mandou refazer a casa. Contratou pedreiros e carpinteiros. Fez um projeto adequado ao seu gosto e às suas necessidades pessoais e familiares. A obra andava a passos largos. Amigos eram levados ao local para cientificarem-se das inovações que ali seriam instaladas. Num desses dias que nascem iguais como todos os outros, um trabalhador acidentou-se. Uma queda inexplicável que trouxe uma morte dolorosa para sua família, amigos e para seu empregador. Apesar de experiente no seu ofício, ainda era jovem. Jovem demais para morrer.

Cr & Ag

O tempo jamais sossega, nem para uma água fresca ou para um descanso revigorante. Logo o trabalho continuava e o acidente fatal seria somente uma lembrança. Seria mesmo? Não. Outros empregados relatavam coisas estranhas, como: ferramentas que se perdiam ou que estavam em lugares estranhos, sons e um cortejo de queixas e observações “bobas” para quem estava fora. E os trabalhadores foram abandonando a obra e os novos logo se queixavam dos mesmos senões. A obra parou. Empregados que moravam na propriedade contavam estórias estranhas. A vida do proprietário mudou e logo se desfez da bela propriedade mudando-se para o outro extremo do Estado. E desde então, vários donos passaram por ali. Ninguém se fixou e novas estórias vinham a furo apesar das tentativas de silêncio e ocultação dos fatos.

Cr & Ag

Verdades ou mentiras? Alucinações? Esse medo ancestral e mórbido do ser humano ante o desconhecido? Não sabemos. Certeza somente de que ali morreu tragicamente um trabalhador e que nunca mais, ou até os dias de hoje a propriedade manteve um novo dono. As sombras são as únicas presenças naquela residência abandonada pelos homens vivos.

Um exemplo para todos nós!

A cara professora Ivone Silva contou-me que nos dias do falecimento de seu querido pai, recebeu uma mensagem de um estimado jovem de uns 14 ou 15 anos que era pessoa destacada e singular nas lides de CTG. Pouco tempo depois esse jovem faleceu de mal súbito durante uma apresentação de dança gauchesca com seus amigos e colegas. O pai da professora faleceu aos 87 anos de idade. Duplamente abalada, foi então solidarizar-se com o pai do querido jovem. Eis que aí ouviu uma das maiores lições de amor e de consciência de vida que poderia ter: – Só tenho que agradecer a Deus o presente que Ele me deu por ter esse filho e viver com ele esses 15 anos. Agora estou devolvendo-o a Deus para que ele continue sua missão!

Quantos de nós teríamos essa clarividência e entendimento de vida e de morte? Se você está vertendo lágrimas agora, sinta-se humano comigo.

Conflitos – Parte 2 – Edson Olimpio Oliveira – Jornal Opinião de Viamão

15 AGOSTO 2012 – CONFLITOS – Parte 2 – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

Conflitos – Parte 2

H

á uma tendência humana à dissimulação, ao pensar e sentir algo, mas manifestar-se de forma diferente, contrária ou politicamente correta. Muitos animais usam desse artifício ou estratégia para conviver em melhor harmonia no grupo ou para caçar as suas presas. E para os bandidos somos realmente o que? Presas. Para sermos enganados, roubados, estuprados, sangrados e assassinados, pois, afinal, como revelava sem as cores do disfarce a revista Veja em memorável edição sobre notórios criminosos. “Prefiro ver a mãe dele chorando do que a minha”, “esta é a minha profissão”, “saio para matar e nunca pra morrer, entre ele e eu…” – são frases de criminosos.

Cr & Ag

Alguém se pergunta se no inferno temos quatro a seis refeições por dia? Se há banheiro privativo com chuveiro quente? Se há áreas de recreação? Se há visita íntima? Se há que cumprir 1/6 da pena? Se há advogados com influência infernal? Se permitem celular? Interessante que as mesmas idealizações de parte da nossa religiosidade não são extensivas à justiça divina e aos rigores do inferno. No entanto entendemos que as vítimas não têm os mesmos direitos humanos que os criminosos. As vítimas podem ser privadas da vida e mutiladas física e emocionalmente por tempo indeterminado, talvez por várias outras vidas como creem os reencarnacionistas, mas os criminosos e as feras assassinas contarão com benefícios humanos de tudo aquilo que eles violam ou desrespeitam.

Cr & Ag

Num plebiscito popular quais as escolhas seriam preferenciais: hospitais, postos de saúde, escolas ou penitenciárias? Como os governantes continuam sendo gente, pessoas originadas com qualidades e defeitos de seus eleitores, mas ainda povo, o que irão priorizar quando os recursos são insuficientes para todas as necessidades? Jamais dirão isso de público. Assim como muitos defensores dos criminosos irão justificar suas condutas. A consciência cristã nos impele para o sentimento de que há recuperação até para o mais terrível criminoso, mesmo tendo a consciência racional de quanto raro é isso. Precisamos acreditar e ter esperanças nessas recuperações que até nos países com melhores condições não acontecem de forma ampla. Confortáveis ou “humanas” as cadeias não recuperam, o ser humano evita delinquir e torna-se recuperável pelo temor das penas e a certeza da impunidade.

Cr & Ag

A justiça tarda e falha. Muitas vezes jamais vem. Ou quando vêm os criminosos são abençoados com as leis que nunca respeitaram, suas vítimas têm o sentimento de que o inferno das prisões é justificado como alguma punição aos criminosos que tanto mal lhes trouxeram. A privação de liberdade temporária e dolorosa apaga ou compensa a dor eterna da privação plena das liberdades pelo encarceramento eterno num ataúde ou pelos traumas emocionais indeléveis? Conflitos! Conflitos que permeiam os sentimentos e a razão de algozes e vítimas. O raciocínio simplista de que a justiça pode igualar fera e presa, criminoso e vítima são faces desses conflitos da sociedade em que vivemos. Como enfrentar e resolver dramas e conflitos entre o desejável e o realizável, entre a razão e o sentimento cristão de perdão e impunidade? O que a sua razão diz, como seu coração responde?

Nota do cronista: Jamais generalizamos. Sugerimos ler a crônica anterior.