Comidas inesquecíveis – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – 09 Junho 2015

 

2015 – 06 – 09 Junho – Comidas inesquecíveis – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

 

Comidas Inesquecíveis

 

V

amos falar de flores e de comidas, estiando, aliviando a bolsa escrotal do leitor acossado por governos desgovernados, inflação feroz e vagabundagem crescente. Hoje excluímos as comidas da família e de amigos, como daquela criatura política do PT que deu dezenas de medalhas públicas para os familiares. Nem sempre nos melhores restaurantes ou nos momentos mais cálidos quando o bruxulear das velas acompanha a música ambiente, a comida é realmente magnífica. A companhia poderá ser! Quantas vezes nos mais singelos, nos mais simples e até humildes encontram-se artes culinárias de enriquecer a nossa passagem nessa vida e nos iluminar e acelerar o coração. E salivarmos recordando de imagens, odores e sabores. Por indicação de amigos motociclistas, encostamos a Morgana, nossa deusa e moto, e retiramos os capacetes. Uma construção semicircular de costaneiras e a maioria das janelas de báscula. Costaneiras são as sobras das faces de eucaliptos ou pinus retiradas pela serra. A maresia da Lagoa dos Patos, o imenso mar de dentro, lambia sua parede leste deixando a espuma em suas farpas. Simples. Muito simples! Um pequeno restaurante na costa verde.

 

Cr & Ag

 

Escolhemos a mesa ao lado da lagoa e sentíamos como se a água tentasse tocar nossos pés e a música das marolas afastava ruídos interiores. Garrafas pet parcialmente cheias de água pendiam dos caibros roliços. É uma “técnica” antimoscas que acusam de poderosa. “Se tu mosca aparecer por aqui e incomodar os clientes eu te afogo!” – faltou esse letreiro ou foi retirado por algum surfista ecológico ou ecocrica. Com a brisa da lagoa… jamais moscas. Um garçom em roupa civil com um indefectível pano no braço achegou-se. Passou o pano na mesa e depositou pratos de colorex e talheres. Educado. Sabíamos que podíamos escolher entre peixe e… peixes. Explico: um prato de peixe ou pratos diversos de peixes e congêneres.

 

Cr & Ag

 

Saímos de casa mirando no rodízio de peixes. E começou a festa! Bolinhos de peixe com limão e cremes e molhos da casa. Iscas fritas… e peixe a dar com um pau e de comer com a boca toda. Zero espinhas nos filés. Postas de traíra reveladas pelas espinhas em forquilha, mas de tamanho do parque dos dinossauros. Ensopados com S. Cubas ao nosso lado com água e sumo de limão para lavarmos os dedos. Um arroz branco soltinho – contrariando os “unidos venceremos” da maioria – e com o tempero verde adornando a pintura. Camarões de academia de musculação. Salada civilizada. Gradação de pimenta e outros temperos sem jamais tirar o prazer do peixe. Suspiros de satisfação. À falta das harpas celestiais, a lagoa ali ao nosso lado, quase que ao passar o braço pela janela a nossa mão pudesse tocá-la. Uma orgia culinária bordada com doces caseiros e café certamente tirado no saco e no bule. – E o preço? – de normal para baixo. Jamais aquele custo de entregar o carro e a mulher ficar dois meses lavando louça para pagar a conta hemorrágica. Depois de toda essa maravilha, uma soneca num gramado com a mais bela das lagoas por cenário e duas damas ao lado. Já contei uma comida inesquecível. Conte a sua! Ou pelo menos, reviva momentos de rara felicidade que esses vigaristas e safados que devoram o Brasil ainda não podem nos tirar.

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