Safados e Safadezas – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – 05 Maio 2015

 

2015 – 05 – 05 Maio – Safados e Safadezas– Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

 

Safados e Safadezas

 

Brigadiano safado” – escutava na mesa ao lado no restaurante, cidadãos falando de um policial rodoviário escondido na vegetação e com radar portátil multando para os dois lados da rodovia em local ermo. Sem escolas, por exemplo. Não entendi como uma generalização.

Governo safado” – agitando a conta de luz de valores absurdos para o mesmo consumo, um comerciante e outras pessoas aludiam à roubalheira escancarada “sem saber de nada” dos últimos governantes. Mesmo por negligência ou imprudência.

Jogador safado” – torcedor encolerizado com as manifestações de jogador de futebol ofendendo explicitamente a torcida e ao clube que lhe paga monumentais salários.

 

Poderíamos aumentar a lista das vezes em que nos últimos tempos o cronista ouve o termo “safado”. É a verbalização do asco, nojo e revolta das pessoas. Concordar ou discordar? Chamar ladrão de ladrão é ofensa? Não. É uma constatação. E as atitudes das pessoas, principalmente no exercício profissional, pode ser uma constatação. Atitudes de um safado? Atitudes safadas? A ofensa é natural e reacional às criaturas pegas e surpreendidas com a boca na botija. Isso não invalida que sua conduta é desprezível ou que deveria ser diferente, sempre mirando na defesa e educação do cidadão e jamais espoliando, vampirizando, sugando o suor do seu trabalho para fechar ou amortizar os buracos das contas públicas ou como ódio espraiado. Buracos originários de má gestão, por incompetência, negligência ou real safadeza.

 

Cr & Ag

 

Há uma cultura nacional em que ser “esperto” é um qualificativo. O vendedor que lhe vende um carro com defeitos escondidos, quer ser visto como “bom vendedor” e “esperto”. Rejeita a denominação de “picareta”, no entanto é um safado. Nos meus áureos tempos de motociclista assistia, principalmente nos eventos motociclísticos, pessoas saindo do restaurante sem pagar a sua conta, levando um talher como “recordação”. Outros, uma xícara, uma toalha do hotel, enfim, “troféus” no seu adulterado raciocínio. São os espertos e nós que pagamos religiosamente nossas contas e nos portamos com civilidade, somos “bobos”? E não pensem que eles perderão o sono por isso. Talvez até durmam melhor nos orgasmos de sua safadeza. O Presidente Lula no escândalo do mensalão disse que “sempre foi assim e que todos fazem”. Isso absolve ou piora? No seu entendimento de “levar vantagem em tudo”, como na lei de Gerson, isso é “normal”. E anormal é ser honesto e viver do trabalho do seu corpo?

 

Cr & Ag

 

A safadeza que é o ato gosmento do safado está no dia a dia. Em todos os momentos da vida. Temos que nos policiar constantemente para não incorrer em algo que nossa defesa tentará justificar. Ser “honrado” com medalhas, títulos, nomes de obras públicas não deveria invalidar que a criatura foi um safado. Não há quem não erre. Escorrega-se até com frequência. A qualidade está na consciência de reconhecer seus erros, antes de apontar aos erros dos outros, corrigir-se e persistir no esforço de errar menos e principalmente naquilo que irá prejudicar aos outros. A caixa preta da Petrobrás escancara a safadeza institucionalizada. Com nome, sobrenome e bandeiras. O juiz Sergio Moro certamente não está na caixa preta do Judiciário nacional em que o famigerado Lalau talvez tenha sido um mero “boi de piranhas” entre aposentados preliminarmente.

 

Jamais poderemos prescindir da indignação. Apontar “safado” é responsabilidade em ver os rabos alheios sem esconder os seus. Apêndice histórico: acredito que a palavra safado origina-se de “Safo”. Considerada a maior poetisa grega ou “A Poetisa”, que viveu a cerca de 600 AC, na época do general e governador Pitaco (outro termo do cotidiano) e caracterizada pelo erotismo em suas poesias.

Imagem15

Deixe um comentário