Coisas de Homem! Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião – 18 outubro 2016

 

2016 – 10 – 18 Outubro – Coisas de Homem – EDS OLIMPIO – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

http://www.edsonolimpio.com.br

Coisas de Homem!

Cada faixa etária e cada legião de homens tem características próprias e nem todas tangíveis aos neófitos ou distanciados da realidade masculina. O homem é uma criatura que não gosta de perder ou de sofrer qualquer dor – corporal ou no bolso. Deus Pai sabendo dessa bronca que ele moldou do barro primordial, anestesiou o cara e sacou a sua costela para dali aperfeiçoar a criação – deu essa criatura de andar envolvente, de vontade dominadora e com habilidades cativantes. “Pois então estoriemo as cosas”, como diz o gaúcho viamonense. E o homem precisa do seu tempo, coisa que a mulher custa e geralmente não aceita ou compreende. Precisa de um tempo com o pingo (cavalo). Outro tempo com o cusco (cão). Mais outro com a companheirada – de carpeta (carteado), de bocha, de cancha reta (corridas de cavalo), de cerveja, de futebol e uma trilha de outras necessidades fundamentais ao seu equilíbrio humano-mental-espiritual e sexual, principalmente. Há ainda para ‘uma minoria xucra’ a necessidade de campear na zona. Entenda zona como aqueles locais lúdicos onde sexo-mulher se confundem na penumbra. Dizem – não afirmo porque não conheço de fato consumado – ser local altamente educativo e “necessário”. “Nada contra quem prefira uma prancha de surf ou uma erva que não é de chimarrão”, diz o Arigó da Estalagem, um baita filósofo de final de churrasqueada.

Crônicas & Agudas

Como a última palavra é sempre do homem – exemplo – “Sim Senhora” – essa criatura impávida e máscula enquanto o pinto ainda canta, esforça-se. Um amigo disse-me que depois de longos e tortuosos cinquenta anos de casório, recebeu sua “carta de alforria”. Carta de alforria? Que estranho! Pensava que isso era coisa dos tempos da Izabel, aquela Princesa do Brasil. Mas não! Explicou-me que depois de dezenas de anos de penosas negociações que fariam inveja aos árabes e judeus, conseguiu alguns horários de liberdade condicional para “sair com os amigos, tomar cerveja no boteco, talvez um final de semana numa pescaria somente com homens machos atestados com firma reconhecida, ou jantar com os colegas depois do futebol do seu time”. Outro amigo suspirou – “sou feliz e não sabia! ”. Entreolhamo-nos e larguei a faca que palitava os dentes.

Cr & Ag

Estou em conflito com a minha barriga”, dizia-me outro companheiro de jornada tropeando corações nos mananciais da existência. Poético? Virtual como amizade do Facebook. “A balança está vencendo a batalha”, soluçou, quase em prantos. Eis que um sábio amigo lhe perguntou: – Enxerga o pinto quando urina? Mesmo espantado respondeu positivamente. Do alto da sua magnífica sabedoria, jogou o naco de picanha para algum lugar perdido dentro da tripa e: – Isso não é barriga! Barriga é quando o cara urina e não enxerga o amigo rebelde. Isso aí abaixo do coração e acima do playground é calo. Calo! A marca registrada de uma vida legal, de embates geralmente vitoriosos e estórias pra contar. Os colegas acudiram numa solidariedade machista na desgraça anunciada. “Isso é propaganda feminina para dizer que somente ela te aceita”, disse outro. “E barriga é pra macho, todo bagual tem barriga. Nunca viste um bagual de tanquinho? ”, saltou outro afiado e com a faca prateada esgaravatando as unhas. Até outro colega de apelido Fiapo disparou em sequência como metralhadora giratória: – Eu queria uma barriga como a de vocês – todo mundo se olha desconfiado. Eu como e bebo pra ter uma barriguinha ou um calo no abdômen. Faço de quase tudo, menos deitar de bruços, pra criar essa marca registrada da nossa turma. ” Foi emocionante. Quase de chorar, mas como “homem não chora, diz um verso e vai embora” ficamos mais ou menos assim – rindo enviezado.

Reconheço que a natureza masculina é mais simples e se contenta com coisas singelas. Daí que a sabedoria freudiana do Arigó alerta: – O cara se contenta com uma cerveja gelada, a mulher com um ritual e um anel de diamante. O homem depois de dez anos com um amigo próximo desconfia que ele tem um “começo de barriga”, já a mulher em menos de dez minutos tem toda a ficha clínica de outra mulher dos sapatos a textura e cor dos cabelos, nos mínimos e incompreensíveis detalhes para os homens, mas fundamentais para elas.

http://www.edsonolimpio.com.br

Deixe um comentário