Panetone com gosto de Fel! – Edson Olimpio Oliveira – Crônicas & Agudas – 20 Dezembro 2016.

 

2016 – 12 – 20 Dezembro – Panetone com gosto de Fel – EDS OLIMPIO – Crônicas & Agudas – Jornal Opinião

http://www.edsonolimpio.com.br

Panetone com gosto de Fel!

 

Presentearam-me com um belo, perfumado e saboroso panetone. Massa leve com a umidade adequada e recheado com um musse de chocolate meio amargo. A cremosidade e o delicioso sabor se misturava com fragrâncias que somente são exaladas quando é feito com gosto, satisfação e amor. E carrega toda a cordialidade, amizade e o mesmo amor da alma que o presenteia. Ao retirar da embalagem festiva e expor sua formosura, um tempo embala-nos em sintonia com essas magnifícas vibrações que faz um universo de tantos dissabores arrefeceram para o lampejar da vida que se expande. Somos seres que velozmente deixamos essa vovó encarquilhada para trás. Ou talvez o seu plano, mais que secundário, fique com o bolor dos restos natalinos ou sufocado sob escombros de presentes caros e muitos voláteis. A Gratidão é a avó dos mais belos e visíveis sentimentos e talvez por ser tão longeva, idosa dos tempos iniciais seja como a maioria dos idosos – colocado em algum lugar e eventualmente lembrada.

Crônicas & Agudas

Eis que senti um amargor e um arrepio subindo pela mandíbula esquerda, espraiando-se pela orelha e refletindo no olho que teimava em tremer. Uma lágrima. Duas lágrimas. Várias lágrimas. Juntou-se ao aluvião uma sequência de imagens e lembranças. Os neurônios racionais reúnem-se em formação de combate, em ordem unida bradam das belezas do Natal e que se aproveite tudo, do sino e das renas ao Noel. Noel que não é da Rosa, mas sempre é música em todo o mundo. A Emoção trazia a musicalidade para enfrentar a Razão com suas armas e argumentos afiados. A ninja Negação perdeu-se na escuridão e nas sombras da Realidade. A Tristeza gritava “help” se afogando nas grossas lágrimas.

Cr & Ag

Sei lá quanto tempo durou esse embate. Foi um tempo em que a Reflexão sentou-se com o Entendimento e iniciaram uma negociação. O Fel do panetone ainda estava ali. Queimante. Ardente. Doloroso. O Entendimento olhou profundamente na alma da bela Reflexão e suas vozes ecoaram numa simultaneidade não planejada por eles e por alguém da plateia e dos combatentes. Como se uma onda de sincronia colocava todos numa grande sinfonia: – Tragam Ele! Busquem Ele! Somente Ele tem a solução! Ele é a resposta e a solução, gritaram com a força dos pulmões de renascidos e de eternos degladiantes.

Cr & Ag

Um silêncio quase absoluto, pois o Coração ansiava em retornar a sua cadência e as fibras se distensionavam e vibravam agora como as cordas mágicas de um violino angelical. Não havia mais nenhum sabor. Nada do Fel! Nada de sabor nenhum. Seria como no olho do furacão? Logo uma tímida Luz aproximou-se. E suas irmãs mais luminosas amparavam o Sol I. O primeiro, aquele que afastou as Trevas e dissipou as Sombras mais densas tanto do Universo como das mais encardidas almas. E um jovem se aproximou. Desculpe, é um menino! A Luz está cada vez mais intensa e tranquilizadora. É um Menino, é um Jovem, mas também é um Homem Jovem. Transmuta-se aos nossos sentidos e aos nossos sentimentos. Todos o conhecem. Sempre. É o Amor! Ele é o Amor!

Em várias épocas e em várias civilizações Chamaram-No por diversos nomes, como Buda e Cristo. E muitos usaram e usam seu nome para que o Fel continue a queimar e as lágrimas inundem as terras e sufoquem as pessoas e os povos. Ele está aqui. Sempre esteve. Espera que nossos conflitos não impeçam a sua presença e que sejam apaziguados com ela. Que panetones simbólicas, mas de Luz real e intensa vertam de nossos corações e almas levando-O, levando Amor para todas as pessoas, para a Natureza e seus filhos.

http://www.edsonolimpio.com.br

Deixe um comentário