Frialdade – Edson Olimpio Oliveira – Jornal Opinião – 03 Agosto 2011

 

08 AGOSTO 03 – 2011 – FRIALDADE – EDSON OLIMPIO OLIVEIRA – CRÔNICAS & AGUDAS – JORNAL OPINIÃO

Frialdade

− Eu até que gosto do frio. Eu não gosto é de inverno! – dizia-me o amigo.

− Como assim? Frio é frio e inverno sem frio não é inverno.

− Me explico Edinho. Frio com glamour é outra coisa. Frio com um vinho e uma lareira e dormir de conchinha é uma coisa. O cara andar batendo queixo até caírem as restaurações dos dentes, com as coisas encolhidas, quase sumidas é outra coisa. Me entende?

­E continuou:

− Essa novela de entra dia e semana e mês com chuva a qualquer hora, calor alucinado à tarde e 2 graus à noite. Pô meu, isso cansa. Sabias que uso dois números de sapatos? Coisa de louco, cara. Meus calçados de inverno são dois números maiores por causa das meias. Chego a usar três pares de meias. Agora comprei umas meias uruguaias em Rivera que esquentam legal, mas dá um chulé… um fedor do cão!

− Nesse ritmo usas cuecas menores no inverno, eheheheh!

− Até poderia se largasse a cerveja. Sabe como é a barriguinha de cerveja? Para os atrevidos e  inimigos alego que não é barriga é calo de  ficar com as irmãs deles… Agora comprei umas roupas térmicas para quem é motociclista ou anda na neve. Fica ligada no corpo, não ocupa espaço e tu usas até com terno que ninguém nota.

− E qual o resultado?

− Legal e não deixa cheiro nenhum. Tu ficas que nem o Homem Aranha. De preto. Horrível esse tal de inverno, Edinho. Fiz um esquema com o motel Sahara. O nome já me é sugestivo de calor e influi psicologicamente. Ligo pro pessoal que já prepara a suíte com ar ligado no calor máximo e até o piso aquecido. E a banheira aquecida ligada…

− Tá brincando! Verdade ou gozação?

− Verdade cara. Já passei vergonha e agora não passo mais. Estava que nem o time do Grêmio que custa a aquecer e quando aquece já se queimou. A mulher geralmente leva um tempo pra se aprontar e no caso era eu que levava uma época jogando conversa fora até esquentar e daí tirar as luvas e o monte de roupas… Mas vamos mudar de assunto. Desgraça… basta o governo e os políticos.

− Acho que te entendo. A gente sempre pensa nas coisas difíceis que o frio traz para os necessitados, para os carentes. Para esse mundo de pessoas que vivem numa penúria de dar dó enquanto a roubalheira é cada dia maior. Caem ministérios inteiros, mas o partido continua de dono dos cargos e nada muda…

− Cada um tem o governo que merece e o político que elegeu.

− Isso é que nos assusta, o frio vai chegando aos nossos corações e cada vez diminuem as campanhas de auxílio aos necessitados. Muita gente está esgotada de tantas taxas, impostos e roubalheiras, mas precisamos ser críticos sem deixar o frio congelar nossa alma ou nossos sentimentos. – perdemos o humor e nos despedimos.

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